Coleção: A QUEIMA
O processo criativo desta coleção nasceu de uma viagem à Chapada dos Veadeiros, onde o céu se espalha em horizontes sem fim e o olhar se perde entre o azul e o vermelho do entardecer. O cerrado, ferido pelas chamas da imprudência e da ganância, arde em dor a cada ano — mas dele também brota a força da vida.
Queima-se, sim, mas para renascer mais forte, como quem entende que o fogo não é só destruição, é também ventre e renascimento.
Gratidão a todos que lutam para proteger esse rico e importante bioma. Preservar a natureza é, acima de tudo, um ato de amor.
Como artista, carrego em mim as marcas e os silêncios do que vejo: a dor e a beleza, a perda e o retorno.
Nas peças, imprimi com as técnicas de raku horse hair, saggar e raku flash as cores do céu, do solo e da vegetação em tempos de seca e queimadas — traços de cores que contam a história do que morre e nasce mais forte.
A Queima é o resultado do diálogo entre a minha angústia e o meu eu criativo.
conheça a coleção e os processos de queimas
O raku é uma técnica milenar originária do Japão, criada para servir à solenidade do chá e, mais tarde, reinventada no Ocidente como a arte do fogo, da surpresa e da transformação química.
Em japonês, raku significa felicidade ou prazer — um nome que traduz a serenidade e o encantamento do gesto criativo diante do imprevisível.
Na coleção A Queima, o raku representa o instante em que o fogo se torna mestre e cúmplice, conduzindo a matéria à beleza do acaso.
Maree Pimenta
Gastróloga, escultora e ceramista.
Sou apaixonada pelo fogo e estou fascinada pelo raku, pela imprevisibilidade, pela beleza e pela identidade artística única de cada peça, revelada e impressa através do fogo e das transformações químicas.
O processo do criar é, para mim, uma necessidade, uma urgência. Todas as vezes que tive de renascer, por todas as vezes que morri. A arte cura, salva, renasce - é ela que faz “uma flor brotar do impossível chão”. Me encontro, como artista, na alquimia destes elementos: terra, água, fogo e ar. Sou grata aos que vieram antes de mim, que produziram e trouxeram todos os saberes e fazeres para que, agora, possa eu me revelar.